"Eu canto samba porque só assim eu me sinto contente", escreveu Paulinho da Viola, tentando descrever sua satisfação por uma musicalidade tão pura e envolvente. Talvez o mesmo contentamento que une 9 jovens músicos, que se intitulam Trio Pouca Chinfra e a Cozinha, dispostos a levar adiante a tradição do samba.
Bebendo direto na fonte, a inspiração do grupo vem de nomes como: Adoniran Barbosa, Originais do Samba, Nelson Cavaquinho, Demônios da Garoa, Cartola, Fundo de Quintal, Jovelina Pérola Negra, Bezerra da Silva, Geraldo Pereira, entre outros, sem deixar de lado as composições próprias. Apaixonados por uma poética pouco convencional aos sambas de hoje em dia, o Trio Pouca Chinfra tem
um ouvido no passado e a preocupação de no futuro manter viva essa tradição. Depois de vários encontros e desencontros, experiências sonoras e troca de instrumentos, o grupo se sente musicalmente maduro para levar seu coro de vozes e sua cozinha ritmada para os palcos e botecos da vida. Contagiando e sendo contagiados, dando e recebendo energia e alegria, o samba rola bonito na cozinha do Pouca Chinfra.
Trio pouca chinfra é:
Mago Fabrício: Violão e voz - Demóstenes do Cavaco: Cavaquinho e voz
Lucas Temporal: Reco-reco, ganzá e voz – Filipino do surdão: Surdo e voz
Deco do pandeiro: Pandeiro e voz - Ernesto favela: Tamborim e voz
Dedeco: Agogô e voz – Vicente Monstro: Rebolo – Ricardinho: Violão de 7 cordas.
São músicos convidados: Seu Lima da Cuíca: Cuíca – Moabi: Trombone.
Entrevista:
Fala um pouco sobre a história de formação da banda. Algum fato curioso?
Demóstenes (macaco) - Rapaz, tem alguns sim. O primeiro é que realmente nascemos como um trio. E éramos o o trio pouca chinfra apenas, sem a cozinha.Era eu, o mago aparício e o lucas temporal. Violão, cavaquinho e pandeiro. Daí a gente foi chamando os amigos, e todo mundo foi de alguma forma abraçando a idéia. Quando vimos éramos 12 pessoas já. Só que como não podíamos ser chamados de trio, a gente botou a cozinha no meio pra abarcar toda a mundiça. No primeiro show lá no capibar vicentino do Rebolo nem instrumento típico de samba tinha. Ele levou um djembe, um chimbal de bateria e pasmem - Uma cadeira de metal daquelas da skol. Daí ele fazia a cadeira de caixa, como uma bateria. Nossa senhora, foi horrível .Teve um show tb que iríamos fazer - era uma boate gay lá em afogados. Eu trabalhava na livraria cultura ainda e não tinha largado.Daí a galera foi lá e tal e a dona da boate já foi dizendo - bora meninos, vocês já podem tirar a camisa e ir pro palco pro público ver quem é que vai tocar e tal. Aí a galera, como assim tirar a camisa ? kkkkkkk Foi Foda !
Como vocês lidam com o mix de covers e músicas autorais no repertório do grupo?
Demóstenes - Bem, esse lance de tocarmos os standards do samba é mais como uma forma de garantir a gafieira né ? Tipo, como segurar tres horas de samba pra quem tem apenas 3 anos de estrada fica um pouco complicado. Por isso fazemos uma série de covers - acho que o que diferencia é o fato de explorarmos mais os sambistas que não são conhecidos como o Geraldo pereira que a gente adora. Mas tamo com um repertório de 10 músicas nossas, só que por vezes passa despercebido pelo fato de misturarmos nossas músicas com a dos outros num mesmo bloco entende ? A gente até recebe algumas críticas - críticas muito bem fundamentadas sobre esse lance de tocar a música dos outros, essa crítica veio por parte de amigos mesmo, pessoas que acreditam no trabalho e querem que nós sejamos mais profissionais e tal. Enfim, por enquanto fazemos os covers sim, sem deixar de lado nosso trabalho.
O que é fazer samba em Recife?
Demóstenes - Fazer samba em recife, pelo menos agora está sendo bem proveitoso. A gente sabe disso por que todo mundo já tocou em bandas de rock, de jazz, e brega, de reggae, e vimos como o samba é bem vindo em recife, em qualquer lugar.
Como vocês avaliam a cena musical pernambucana contemporânea?
Demóstenes - Recife é uma caixinha de surpresas né ? Sempre aparece um trabalho intrigante, novo mesmo; Eu gosto dos trabalhos do pessoal de olinda, acho super válido e super dançante como a orquestra contemporânea de olinda e a academia da berlinda. Mas gosto de poucas bandas daqui - as que eu toco - A ínsula e a bande ciné e outras como a comuna, o arabiando, a trombonada, o vitor araujo. Avaliando a cena, eu acredito ser recife um palco de experimentações musicais muito rico, há uma autenticidade nos trabalhos daqui e principalmente um super bom gosto.
O que o público pode esperar do show de vocês no Grito Rock Porto?
Demóstenes - O público pode esperar aquele samba de véio, samba de preto, samba bom , sem firulas e sem frescuras.
www.myspace.com/triopoucachinfra
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